Piracicaba e Itaqui são alguns exemplos que apostam na solução pela melhoria de desempenho e baixa manutenção. Entenda.
Anualmente, as prefeituras brasileiras fazem investimentos vultosos para reparar buracos e recapear ruas e avenidas. Os gastos variam em função do tipo de pavimento e do grau de degradação das vias, bem como da extensão e do volume de tráfego incidente sobre esses pavimentos. São Paulo, por exemplo, iniciou em 2022 um amplo programa de recapeamento, com investimento de R$ 1 bilhão para recuperar 20 milhões de metros quadrados de ruas.
A substituição de pavimentos flexíveis pelo pavimento urbano de concreto (PUC) é uma alternativa que vem sendo aproveitada por alguns municípios para reduzir as despesas com manutenção. Em Piracicaba (SP), por exemplo, a prefeitura vem ampliando a quantidade de vias com pavimentos de concreto, justamente pela necessidade de combinar redução de custos e melhoria de desempenho, sustentabilidade e segurança dos usuários.
Nesse caso, a utilização do PUC está fundamentada sobre o tripé da sustentabilidade, que considera os vieses econômico, social e ambiental, e na alta performance técnica desse sistema construtivo. De acordo com a Secretaria de Mobilidade Urbana, Trânsito e Transportes de Piracicaba, em artigo publicado no jornal A Tribuna Piracicabana, a implantação da pavimentação de concreto custa, em média, de 4% a 10% menos em comparação com o asfalto e ainda apresenta vida útil maior – em torno de 20 a 30 anos.
Outro exemplo vem do município de Itaqui, no extremo oeste do Rio Grande do Sul. Neste ano, a prefeitura local executou a pavimentação de diversas ruas no município. Um ponto interessante é que o pavimento rígido foi combinado a sarjetas permeáveis. Essa solução permite que a água das chuvas não acumule na pista, escoando rapidamente pelas laterais, infiltrando no solo e reduzindo a suscetibilidade a alagamentos.
Por que a manutenção do PUC custa menos?
O pavimento urbano de concreto é uma solução para pavimentação que vem crescendo em aplicações em todo o país graças a vantagens como facilidade de execução, custo competitivo e, principalmente, elevada durabilidade. Vale lembrar que os pavimentos de concreto são projetados visando uma vida útil de 20 anos, o dobro da vida útil de projetos de pavimentos flexíveis.
Tal durabilidade está associada à rigidez desta solução construtiva. Para se ter uma ideia, o pavimento de concreto apresenta capacidade de resistência à deformação dez vezes superior ao pavimento asfáltico. Isso significa que uma via executada com PUC não deforma em caso de aceleração, frenagem de veículos ou cargas incidentes dos veículos.
A análise dessas características permite entender por que os pavimentos urbanos de concreto demandam menos intervenções para manutenção. Segundo cálculo da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), ao longo da vida útil de projeto, os pavimentos de concreto podem ser até 53% mais econômicos em relação ao custo de manutenção dos pavimentos asfálticos.
Outro dado interessante vem de um estudo realizado em 2020 na Universidade do Vale do Taquari (Univates). O trabalho mostrou que a manutenção do pavimento flexível custa, pelo menos, 70% a mais do que a manutenção de um pavimento de concreto. A comparação levou em conta os custos com materiais e a mão de obra para a execução dos serviços em uma via urbana.
Especialista em pavimentação e em infraestrutura viária urbana e rodoviária, Alexsander Maschio, CEO do Instituto Ruas, explica essa diferença de custos. “A manutenção do pavimento asfáltico costuma envolver operações de tapa buraco e atividades de recapeamento rotineiras, intervenções que não acontecem na pavimentação de concreto”, comenta Maschio. “Quando necessários, os serviços de manutenção dos pavimentos de concreto costumam ser pontuais e de simples execução, como a selagem de juntas, permitindo uma liberação mais rápida das pistas”, finaliza.
Outras vantagens associadas ao PUC
Quando falamos em pavimentos urbanos de concreto, não é apenas a redução de custos com reparos que beneficia os cofres municipais. Também é possível economizar no consumo de energia com iluminação pública e sinalização, já que a superfície mais clara do concreto reflete mais luz e ajuda a diminuir o número de luminárias e aumentar a distância entre os postes.
Um estudo da ABCP demonstrou que o pavimento de concreto agrega economia de 30% a 60% no consumo de energia com iluminação pública, sem contar que proporciona menor absorção de calor, podendo diminuir a temperatura ambiente em até 5°C. Em uma época em que as cidades precisam ser mais resilientes aos eventos climáticos extremos, a pavimentação de concreto se sobressai como uma aliada importante do poder público.
