Técnica vem sendo utilizada pelo DER-PR para a reabilitação de estradas com pavimento flexível, inclusive em vias de pista simples.
Com uso consagrado no Brasil e no exterior, o whitetopping é indicado para a reabilitação de pavimentos flexíveis, melhorando as condições de tráfego e a segurança dos usuários. Capaz de combinar durabilidade e custo competitivo, essa técnica pode ser aproveitada em rodovias de tráfego intenso e com elevado grau de deterioração, bem como em corredores urbanos, aeroportos e estacionamentos, entre outras aplicações.
O whitetopping prevê a execução de uma camada de concreto diretamente sobre o asfalto, que passa a atuar como uma espécie de sub-base. A origem do termo — do inglês, cobertura branca — refere-se à tonalidade típica do concreto, que desempenha, nesses casos, a função de revestimento.
Há uma série de fatores que explicam o interesse por essa solução para recuperação de pavimentos. A começar pela durabilidade similar à de um pavimento rígido novo, com necessidade mínima de manutenção. Há, ainda, o reaproveitamento da infraestrutura existente, além da segurança de rolamento decorrente da melhor aderência dos pneumáticos à superfície e da capacidade de reflexão da luz do concreto, o que propicia melhor visibilidade aos motoristas.
Pioneirismo no Sul do país
No Paraná, onde investimentos consideráveis têm sido realizados em infraestrutura viária, o whitetopping foi a técnica escolhida para a recuperação de rodovias importantes. Destaque para a PRC-280, um dos principais corredores logísticos no sudoeste do estado. O projeto do DER-PR envolveu a recuperação de 60 quilômetros de estrada, entre o município de Palmas e o entroncamento com a BR-153, obra já finalizada neste ano.
Diante do intenso tráfego de caminhões na rodovia e do elevado grau de deterioração em que ela se encontrava, foram consideradas duas técnicas de recuperação: o whitetopping e a reciclagem de pavimento a frio com espuma de asfalto.
Janice Kazmierczak Soares, diretora técnica no DER-PR, conta que nos estudos para definir a estratégia de intervenção para essa estrada, identificou-se que o custo inicial por quilômetro da reciclagem era maior em comparação ao whitetopping. O pavimento rígido de concreto também agregava benefícios adicionais, como vida útil superior e a menor necessidade de conservação a curto prazo.
“Além disso, o whitetopping se mostrou adequado diante da necessidade de compatibilizar os trabalhos das obras restauração com a operação da via de pista simples, que não podia ser interrompida”, explica Janice.
A diretora do DER-PR revela que, para atender a todas as exigências, um novo método de execução foi adotado de forma pioneira na região. Em vez das convencionais linhas guias usadas para direcionar a pavimentadora, foi empregado um equipamento guiado por GPS. Além da alta precisão, essa máquina libera o espaço que seria dedicado para a montagem das guias. Isso foi crucial para permitir a operação da rodovia com o sistema “pare e siga” durante a execução da obra, que teve duração aproximada de um ano para o primeiro trecho de 60 km.
O sucesso dos trabalhos realizados na PRC-280, inclusive com avaliação muito positiva por parte dos usuários, levou o DER-PR a realizar umnovo edital para a restauração de outros 45 quilômetros de rodovia, dando sequência a esse segmento. Também em outras regiões do estado há obras em licitação com whitetopping, como na PR 180, entre Goioerê e Quarto Centenário, outra importante rota para o escoamento da produção agropecuária. A previsão de início de ambas as obras é ainda para o ano de 2023.
Parceria com BID
Muitos dos projetos de restauração e ampliação das rodovias paranaenses estão atrelados ao Programa Estratégico de Infraestrutura e Logística de Transportes do Paraná, resultado de uma parceria entre a Secretaria de Infraestrutura e Logística e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O programa já viabilizou um investimento de US$ 235 milhões em obras, projetos e estudos, visando elevar a competitividade produtiva do Paraná a partir do desenvolvimento da infraestrutura e do transporte sustentável. “Essa parceria, inclusive, já rendeu um reconhecimento pelo BID ao estado do Paraná, em função da qualidade na condução e execução dos projetos e pleno atendimento às exigências socioambientais e de governança do banco”, comenta Janice Soares.