Votorantim Cimentos e MRV estiveram juntas em palestra sobre as vantagens do pavimento urbano de concreto. Confira!
Toda a cadeia produtiva da construção civil esteve reunida em São Paulo, no início de agosto, para participar do Concrete Show 2024. Os cerca de 23 mil visitantes que percorreram a feira tiveram a oportunidade de conhecer as principais tecnologias e tendências do setor, seja nos estandes das marcas expositoras ou nos diferentes palcos que receberam dezenas de palestras técnicas.
O pavimento de concreto foi um dos temas de grande destaque no evento.
A solução foi bastante debatida na Arena 120 Ideias (dois palcos abertos ao público para apresentações de assuntos diversos). No local, Votorantim Cimentos e MRV estiveram juntas para abordar as vantagens e expor cases práticos de aplicação do sistema.
“Gostaria de iniciar perguntando: o que nós, como pessoas do segmento da construção, procuramos quando vamos executar a obra?”, questionou a engenheira Diana Nascimento Lins, consultora técnica da Votorantim Cimentos, logo no começo de seu discurso para uma plateia muito atenta.
Houve consenso ao serem elencados três pontos como resposta: desempenho técnico, por ser fundamental em todas as etapas (desde a fundação até o acabamento); durabilidade, pois as estruturas devem ter longa vida útil; e economia, afinal, não adianta um produto com bom desempenho técnico e durabilidade pecar na relação custo x benefício.
“Na pavimentação, conseguimos atender a todos os itens com uma única solução: o pavimento de concreto. Tanto para aplicação em rodovias quanto em condomínios, loteamentos e vias urbanas”, disse Lins.
Exemplos práticos
Para reforçar os ganhos proporcionados pela solução, a engenheira exibiu três projetos que optaram pelo sistema.
O primeiro foi o Smart Urba Vila Profeta, uma obra da Urba (braço loteador da MRV) localizada em Campinas (SP). Com 5,9 km de pavimento urbano de concreto (PUC), o empreendimento segue o conceito de smart cities, ou seja, procura trazer qualidade de vida aos futuros moradores.
“O PUC é um material que vai durar, pelo menos, 20 anos por projeto, além de possuir uma coloração mais clara — garantindo melhor conforto térmico e visibilidade para o tráfego de veículos”, destacou a especialista.
De acordo com Diana, a obra da Urba seria em asfalto, a princípio. Porém, o pavimento de concreto foi usado, justamente, pelo melhor desempenho técnico e custo-benefício.
O segundo projeto abordado foi um pátio industrial em Botucatu (SP). Nesse exemplo, novamente o asfalto era o escolhido, mas acabou substituído pelo PUC depois de dúvidas sobre a solução serem esclarecidas. “O concreto não havia sido considerado pois os responsáveis imaginavam – erroneamente – que seria mais caro”, contou Lins.
A durabilidade também era um fator importante para o projeto pelo fato de caminhões pesados trafegarem pelo local. Como o PUC dura, pelo menos, duas vezes mais do que o asfalto (que tem vida útil máxima de até 10 anos), ele acabou sendo escolhido. “Houve, ainda, uma grata surpresa de R$ 2 milhões de economia na pavimentação — diferença de, aproximadamente, 30% em relação ao asfalto”, ressaltou Lins.
O último exemplo foi um condomínio de casas em Atibaia (SP), que buscava economia na obra. A troca do asfalto pelo PUC permitiu redução de 10% no custo, o que representa um valor de R$ 160 mil.
Além disso, outros pontos foram importantes na execução desse empreendimento. O construtor não queria, por exemplo, disponibilizar toda verba no momento da pavimentação por ter que mobilizar uma equipe de asfalto. “Finalizada a obra, ele nos contou que poder fazer o concreto em etapas foi fundamental. Ou seja, além da economia por metro quadrado, o PUC também colaborou diretamente com a gestão do fluxo de caixa”, detalhou a engenheira.
Para encerrar sua participação na palestra, Lins indagou a plateia se realmente pensamos na opção com o melhor desempenho técnico quando falamos em pavimentação. “As soluções disponíveis se atualizam e temos que refletir se as escolhas que fazemos são baseadas nas boas práticas, avaliando cuidadosamente o cenário, ou se foram simplesmente culturais”, refletiu.
Pavimento de concreto na MRV
Uma das maiores construtoras do país, a MRV começou a empregar o PUC em suas obras no final de 2023. O movimento foi acelerado pela disparada do preço do CAP, principal matéria-prima do asfalto, durante a pandemia. Nesse cenário, a construção precisou buscar outras soluções, além de revisitar opções já existentes.
“Encontramos no pavimento de concreto uma alternativa capaz de reduzir custos efetivos frente ao orçamento, além de permitir a obtenção de garantias mediante a execução sob projetos normativos”, destacou Marcelo Rodrigo dos Santos, responsável pela área de infraestrutura da MRV na Grande São Paulo e no Vale do Paraíba.
Por ter dimensões continentais, o Brasil apresenta características distintas e a construtora nem sempre consegue viabilizar o PUC. “Decidimos pelo menor custo na cadeia produtiva de cada região”, contou Marcelo Rodrigo, dizendo que um dos pontos de destaque do sistema em concreto é a durabilidade. “Para nós, é ótimo não precisar voltar ao empreendimento e fazer manutenção. Sofremos um pouco com o asfalto no pós-obra após cinco anos, pois em alguns casos tínhamos que retornar para executar reparos. No PUC isso não deve acontecer”, ressaltou o profissional.
O representante da MRV destacou, também, o conforto térmico promovido pelo menor índice de absorção de calor do pavimento e a coloração mais clara, que traz maior refletância da luz do sol. “Além disso, o PUC permite uma redução na base comparada com o asfalto, o que foi muito importante para nós. O sistema exige base menos espessa por conta da sua rigidez e capacidade de distribuição de carga”, acrescentou.
Por outro lado, entre os principais desafios apontados por Marcelo Rodrigo para o uso do PUC está a dificuldade em alterar uma cultura já enraizada — principalmente na construção civil, em que os engenheiros têm resistência quando se fala em mudanças e novas tecnologias.
Pensando no futuro do pavimento de concreto, Marcelo Rodrigo contou que a MRV possui um processo de melhoria contínua. Acompanhar a cadeia, revisitando os valores frequentemente, é importante para entender qual alternativa é a mais indicada. “Enquanto for viável, continuaremos fomentando o pavimento de concreto”, afirmou. Buscando sempre o melhor, a construtora ainda avalia o mercado e se atualiza, por exemplo, pesquisando se existem novos aditivos ou fibras disponíveis.
“Será que também não conseguimos comprar os equipamentos e nós mesmos executarmos o nosso próprio pavimento? Hoje, já fazemos o concreto em algumas praças, então temos essa provocação interna para executarmos o pavimento. É algo para estudarmos”, falou Marcelo Rodrigo, lembrando que a MRV está aberta para ouvir fornecedores, construtechs e quem mais tiver ideias inovadoras. “Estamos sempre abertos a desenvolver novas soluções”, concluiu.