Conheça os principais aspectos que precisam ser considerados no projeto. Qualidade do pavimento é um dos fatores determinantes.
A segurança dos usuários é um aspecto primordial quando falamos em rodovias, com reflexos nas etapas de planejamento, desenvolvimento e manutenção.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,35 milhão de pessoas perdem a vida por ano em acidentes de trânsito em todo o mundo. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com a adoção de medidas simples, que vão desde a melhoria da sinalização das vias ao uso de equipamentos de segurança nos veículos e à realização de campanhas de conscientização.
Outro fator determinante para diminuir a letalidade no trânsito é a qualidade das pistas, que precisam viabilizar um tráfego seguro para diferentes tipos de usuários, de ciclistas e motoqueiros a motoristas de veículos de passeio e caminhões.
Durante a elaboração do projeto geométrico de uma rodovia, há várias medidas que podem ser tomadas para elevar a proteção dos usuários e reduzir a ocorrência ou a gravidade de acidentes.
As medidas começam com estudos para determinar a velocidade recomendada em cada trecho da via, sobretudo em curvas. Esses locais estão muito suscetíveis a sinistros, seja por automóveis que derrapam ou escapam pela tangente, seja por veículos pesados que tombam lateralmente. Por isso, além de um projeto bem elaborado, os trechos sinuosos demandam sinalização reforçada.
Como o pavimento interfere na segurança rodoviária?
A pavimentação é outro ponto crítico quando o tema é segurança nas estradas. Ela precisa garantir durabilidade e ser submetida à manutenção adequada para assegurar menor distância de frenagem, evitar aquaplanagem e proporcionar visibilidade aos motoristas.
Nesse aspecto, pavimentos rígidos apresentam uma vantagem em relação aos pavimentos flexíveis por serem mais claros, produzindo maior contraste durante a noite. Estima-se que a reflexão de luz do pavimento de concreto seja até 30% superior em comparação ao revestimento asfáltico, por exemplo.
Segundo Alexsander Maschio, CEO do Instituto Ruas, as vias e rodovias pavimentadas com concreto agregam, ainda, outros benefícios. Entre eles a texturização superficial, que favorece o escoamento da água, melhorando a segurança em caso de derrapagem, além de proporcionar maior aderência dos pneus ao pavimento, reduzindo a distância de frenagem.
Sinalização e iluminação
A sinalização rodoviária é outro importante dispositivo de segurança e sua ausência ou implementação incorreta pode causar uma série de acidentes.
De acordo com estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), mesmo que uma estrada apresente um pavimento em boas condições, o risco de morte sobe para 47% se a sinalização rodoviária horizontal – como faixas e sinais marcados no asfalto para guiar o motorista – não for satisfatória.
Outro elemento de segurança que precisa ser bem dimensionado nos projetos rodoviários é a iluminação. Sistemas anti-ofuscamento são essenciais para reduzir o ofuscamento dos motoristas provocado pelos faróis dos veículos que circulam no sentido oposto, por exemplo.
O desgaste das rodovias consequente do efeito do tempo, do clima ou do tráfego de veículos também deve ser constantemente gerenciado, para evitar que a perda do desempenho da pista se reflita em insegurança para o usuário. Entre os aspectos técnicos que precisam ser mensurados estão os afundamentos de trilhas de roda, o atrito entre os pneus e o pavimento, a irregularidade superficial, entre outros.
Modelos de cálculo consideram a segurança dos usuários
Os modelos de análise econômica de rede rodoviária contemplam uma série de fatores. Os mais amplos consideram, também, o custo da insegurança.
É o caso do HDM-4 (Highway Development and Management), ferramenta de gestão e planejamento criada pelo Banco Mundial para analisar a viabilidade de soluções propostas.
O software leva em conta, por exemplo, as economias proporcionadas por soluções que promovam maior proteção aos usuários e contabiliza o custo decorrente de acidentes fatais.
“Mas seria importante se usássemos com mais amplitude essa ferramenta tão poderosa”, comenta Paulo Ricardo Freitas Vicente, especialista em gestão de pavimentos. Segundo ele, “o HDM-4 ainda é aproveitado de forma muito limitada no Brasil, essencialmente analisando os custos de implantação e a durabilidade do pavimento.”