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Pavimento de concreto é solução viável sobre solos moles

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Técnica pode ser utilizada em rodovias e vias urbanas, desde que se faça a estabilização prévia do aterro.

Há um princípio da engenharia que afirma: a execução de pavimentos de concreto deve se dar, sempre, sobre uma sub-base estável e uniforme. Tal condição é necessária para garantir estabilidade à placa de concreto e evitar danos precoces provocados por eventuais recalques.

No entanto, o aprimoramento de técnicas e tecnologias na área de geotecnia tem permitido estender as vantagens da pavimentação rígida também às áreas com solos que, originalmente, apresentavam baixa capacidade de suporte.

Um exemplo é a duplicação dos lotes 1, 5 e 6 da BR-101, executada pelo Exército Brasileiro nos estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Construída há mais de 30 anos, a rodovia é uma artéria vital para o desenvolvimento da região, além de permitir a movimentação de milhares de turistas por ano. Mais de 25 mil veículos passam por esses trechos rodoviários diariamente.

Essa obra foi objeto de estudos do professor Martonio José Marques Francelino, da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) – Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho. O trabalho buscou analisar diretrizes para projetos e obras de pavimentação de concreto em regiões com solos moles.

Como construir pavimentos de concreto em solos moles?

Uma condição para viabilizar obras de pavimentação sobre solos com baixa resistência e grande capacidade de deformação é a estabilização prévia do aterro. No caso da BR-101, isso foi feito com a substituição de parte do solo por outro com maior capacidade de suporte, seguida da execução de um colchão drenante com geodrenos e geogrelhas para a eliminação da água do solo por percolação.

Também foram instalados equipamentos de instrumentação com destaque para três dispositivos: piezômetros pneumáticos (para medir a pressão e o nível da água no solo), inclinômetros (para medir o deslocamento horizontal do maciço) e placa de recalque (para observar as deformações verticais da fundação em função do carregamento com aterro).

“Bastante simples e confiável, esse processo de monitoramento é fundamental para definir se há condições para iniciar a execução da camada sobrejacente com segurança”, explica o professor Martonio Francelino. Na BR-101, os procedimentos de melhoramento da sub-base continuaram com a introdução de sobrecarga sobre o solo até sua completa estabilização.

Uma vez que o terreno esteja estável, sem deformações, a sequência de execução da pavimentação rígida é a mesma de outros tipos de terreno, sem qualquer procedimento, material ou equipamento especial.

Segundo o pesquisador da UFRPE, quando se trata de solos moles, o pavimento de concreto oferece uma vantagem extra em comparação ao pavimento flexível, em função de sua alta capacidade de suporte de cargas.

“A placa de concreto absorve praticamente 90% dos esforços horizontais solicitantes, o que acaba aliviando e distribuindo melhor a transmissão de cargas para camadas inferiores. O mesmo não acontece com o pavimento asfáltico, que exige camadas mais espessas quando se quer reduzir esforços sobre a base”, compara o professor, informando que os recalques secundários tendem a ser menos atuantes na pavimentação rígida.

Por que construir com pavimentos de concreto?

Obras com cronogramas apertados enfrentam um desafio a mais para viabilizar a execução de pavimentos rígidos sobre solos moles. Afinal, embora muitos desenvolvimentos tecnológicos permitam abreviar o trabalho, a estabilização de solos exige um mínimo de tempo, seja para atividades de melhoramento ou instrumentação. Projetos executivos, por exemplo, precisam considerar as etapas adicionais, como investigações geotécnicas, solução de estabilização e plano de instrumentação.

Mas, uma vez superada essa barreira, a pavimentação em concreto sobre solos moles pode atender aos mais rigorosos requisitos técnicos e normativos, além de agregar vantagens, como durabilidade superior e menos necessidade de reparos e manutenções.

Quando considerada a vida útil do pavimento e os custos de manutenção, o pavimento de concreto pode proporcionar uma economia de mais de 50% em relação ao pavimento flexível. Vale lembrar que o dimensionamento típico do pavimento rígido é para um período de vinte anos.

Há, ainda, ganhos ambientais que justificam o uso dessa solução de engenharia, inclusive em corredores de ônibus e vias urbanas. “O pavimento de concreto responde muito bem à necessidade das cidades por infraestruturas mais resilientes. Além disso, estamos falando de uma matéria-prima que não tem origem petrolífera e que contribui para a redução do efeito das ilhas de calor”, comenta Martonio. Estima-se uma redução de até 5°C na temperatura ambiente em função da coloração mais clara do pavimento rígido.

A região Nordeste do país, por exemplo, em especial a cidade de Recife, possui um histórico interessante de aproveitamento de pavimentos rígidos. Só na capital pernambucana, são cerca de 250 quilômetros de vias pavimentadas com concreto. A preferência por essa tecnologia tem ajudado o poder público a lidar melhor com os eventos climáticos extremos. A prefeitura, inclusive, tem registrado economias significativas com a diminuição de intervenções para reparos.

“Todos os anos, a incidência de chuvas fortes combinada à maré alta cria, em Recife, uma condição muito propícia a alagamentos nas principais artérias da cidade. Mesmo em uma condição tão adversa, o pavimento de concreto vem resistindo com poucos danos, o que atesta, mais uma vez, a robustez dessa solução”, conclui o professor da UFRPE.

Quer entender mais sobre os benefícios do pavimento de concreto? Confira na matéria xxxx.

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