Rigidez e alta reflexibilidade fazem com que os pavimentos de concreto ajudem as cidades a serem mais resilientes diante das mudanças climáticas.
O aumento da intensidade e da frequência de eventos climáticos extremos como inundações e incêndios colocam a população e a economia global diante de ameaças sem precedentes. Segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), mais de 40% da população mundial está altamente vulnerável ao estado do clima.
O cenário alarmante evidencia a importância de as cidades serem capazes de resistir, absorver, adaptar-se e recuperar-se dos efeitos de desastres de maneira rápida e eficiente.
Nesse contexto, os pavimentos de concreto, sejam em aplicações rodoviárias ou urbanas, vêm se destacando. Isso porque a solução responde bem às situações geradas pelas mudanças climáticas, sobretudo o aumento da intensidade das chuvas e a elevação das temperaturas.
Robustez para suportar incêndios e enchentes
Um relatório publicado pela EUPAVE (European Concrete Paving Association) explica as principais contribuições do pavimento de concreto para a construção de cidades mais resilientes.
A primeira delas é a rigidez do concreto, permitindo ao pavimento suportar grandes períodos sob elevada temperatura. O material, inclusive, resiste ao fogo em caso de incêndios e não apresenta risco de delaminação, diferente do que acontece com os pavimentos asfálticos, que deformam quando expostos a calor intenso.
O pavimento de concreto também apresenta comportamento superior em caso de nevascas e enchentes. Segundo estudo da EUPAVE, em comparação às vias de asfalto, as estradas de concreto são menos suscetíveis ao inchaço ou ao encolhimento do subleito. Especialmente os pavimentos de concreto continuamente armados se destacam em caso de inundações, uma vez que o reforço contínuo permite distribuir a carga sobre bases saturadas.
Pavimento de concreto e a redução de temperatura
Outro ponto a favor da pavimentação em concreto é sua influência na redução da temperatura ambiente em comparação ao pavimento asfáltico. Em média, essa redução gira em torno de 5 °C, mas no estado do Arizona (EUA) foi registrada uma diminuição de até 11°C com a troca do pavimento asfáltico pelo pavimento de concreto.
A que se deve esse efeito? A explicação está no fato de o pavimento de concreto, naturalmente mais claro, refletir mais luz solar. Ao reter menos calor, o pavimento de concreto colabora para o resfriamento das cidades e para a redução do fenômeno de ilhas de calor.
Tal característica também permite que se obtenha um nível de iluminação ideal com menos postes e luminárias de alto rendimento, gerando redução de gastos com iluminação pública.
Estratégia de descarbonização urbana
Além da maior resistência diante de fenômenos ambientais extremos e de colaborar com a redução da temperatura, o pavimento de concreto traz, ainda, outras contribuições para a mitigação das mudanças climáticas, apontadas pela EUPAVE.
A principal delas é a economia de combustível, que pode ser obtida em função da maior regularidade das pistas de concreto. Um pavimento de concreto bem executado permite redução de 10% a 20% de combustível a cada quilômetro percorrido – sobretudo para veículos pesados como ônibus e caminhões. Isso vai ao encontro com as metas globais de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Diante de todos esses fatores, o relatório da EUPAVE é enfático em recomendar o concreto como solução de pavimentação urbana, não apenas para a construção de novas vias, como também para a restauração de pistas de pavimentos flexíveis, por meio de técnicas como o Whitetopping.
Causas de tragédias contemporâneas, como as recém-registradas no Sul do Brasil, as mudanças no clima exigem agregar resiliência às cidades e um olhar de longo prazo para a aquisição e construção de infraestruturas de transporte.
