Engenheiro Eduardo Tartuce desmitificou o uso de macrofibras em pavimentos urbanos de concreto (PUC) e apresentou casos de sucesso.
Realizado em São Paulo, entre os dias 6 e 8 de agosto, o Concrete Show recebeu o Congresso Construindo Conhecimento, com mais de 150 palestrantes e 90 horas de conteúdo sobre inovações em equipamentos e serviços.
Um dos painéis de destaque foi organizado pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC), com o tema “Desmitificando o uso de macrofibras em pavimentos de concreto”, ministrado por Eduardo Tartuce, engenheiro e sócio da Mix Design.
Saiba o que de melhor aconteceu no painel!
Cenário das macrofibras
Tartuce contextualizou o assunto falando sobre a origem das macrofibras e suas primeiras formas de utilização até chegar na construção civil, evoluindo para a aplicação nos pavimentos urbanos de concreto (PUC).
Também abordou o mercado e os locais que mais utilizam o material, como os Estados Unidos, além de países da Europa, da Ásia e da América Latina.
Microfibras x macrofibras
Durante a apresentação, Tartuce explicou as diferenças entre as fibras.
As microfibras, por exemplo, servem para retenção plástica. “São fibriladas, parecem uma teia. Não têm função estrutural, ou seja, dão o reforço secundário. Só vão garantir a redução do craquelamento superficial do concreto. As mais comuns são as de polipropileno e as de náilon”, afirmou.
Já as macrofibras servem apenas para uso estrutural. São fibras de grande dimensão e podem ser metálicas, sintéticas e de vidro (as mais utilizadas são as duas primeiras).
“As macrofibras possuem uma área de superfície otimizada e adequada para transferir tensões de tração através de fissuras no concreto endurecido. Assim que ocorrer uma fissura pequena, a tensão do concreto só se transfere por massa, não pelo ar. Por isso, fazem uma ‘ponte’ entre um lado e outro da fissura, transferindo a carga. Elas dão o que chamamos de reforço tridimensional, tanto de cargas negativas como positivas, o que promove um alívio significativo das tensões internas e das forças de tração. Em suma, o concreto deforma, mas não quebra”, detalhou.
Bombeamento do concreto
O engenheiro e sócio da Mix Design também elucidou uma questão que colocava em xeque o uso de microfibra em concreto.
“Existe um mito de que o concreto com fibra não pode ser bombeado. Na verdade, a única alteração a ser feita nesses casos é que a macrofibra seja flexível, o que auxilia no acabamento. Basta retirar as grelhas comumente utilizadas no bombeamento e colocar uma grelha redonda para que a fibra escorregue. Mais nada, é a mesma bomba. É só conhecer a fibra e o concreto que você está utilizando”, esclareceu.
Utilização das macrofibras
Eduardo Tartuce finalizou o painel apresentando alguns cases de sucesso com as macrofibras em PUC. Ele citou a obra de uma ponte no interior de São Paulo, com 50 metros de comprimento, que precisava ser liberada em menos de 24 horas para tráfego.
Também comentou brevemente sobre a obra da cidade inteligente Smart Urba Vila Profeta, que obteve o melhor custo-benefício com o uso do PUC, além de fácil aplicação, baixa necessidade de manutenção e excelente acabamento.
Outras obras citadas foram construídas no exterior. “Teve a construção de um empreendimento, nos Estados Unidos, com vários andares feitos em steel deck. O prédio foi entregue seis meses antes, com mais de 400 metros de bombeamento. A macrofibra ajudou a garantir essa agilidade”, ressaltou o profissional.
Ele também pontuou que, com o uso das macrofibras, a betoneira já chega à obra reforçada. “A fibra está dentro do concreto, sendo colocada em uma dimensão proporcional. Então, o concreto já chega armado.”
Outro exemplo foi o de uma fábrica de pré-moldados, também nos Estados Unidos, que só produz casas para uma região na Flórida, chamada The Villages Retirement. São quatro mil casas construídas para aposentados.
“No pátio dessa fábrica foi possível verificar que as placas de concreto menores sofriam com muitos empenamentos. Mas, quando usamos placas maiores, que receberam uma quantidade maior de macrofibras, os empenamentos deixaram de existir”, concluiu.